Por mês, o Estado registrou, de janeiro a setembro deste ano, em média, 270,11 acidentes; em 2021, foram 263,75 ocorrências mensais
Dados do Centro Integrado de Vigilância Toxicológica (Civitox) obtidos pelo Correio do Estado revelam que Mato Grosso do Sul registrou, de janeiro a setembro deste ano, a maior média mensal de acidentes com animais peçonhentos dos últimos 11 anos.
Levando em consideração os casos registrados em 2021, a média mensal saltou de 263,75 acidentes com animais peçonhentos para 270,11 ocorrências por mês, apenas nos primeiros nove meses de 2022. Em 2020, o Estado registrou, em média, 245,83 ocorrências mensais de acidentes com animais peçonhentos.
Em 2019, a média mensal era de 213,58 ocorrências com os animais peçonhentos por mês. No ano anterior, foram registrados, em média, 181,58 acidentes mensais em MS. Em 2017, o Estado teve uma média mensal de 135 casos, número superior aos 84,41 registros de 2016.
No ano de 2015, conforme dados do Civitox, a média mensal de acidentes com animais peçonhentos foi de 92,41 casos no Estado, um cenário mais grave do que os 91,75 casos em 2014, os 74,16 casos em 2013, os 90,16 casos em 2012 e as 57 ocorrências mensais no ano de 2011.
Diferentemente do cenário estadual, Campo Grande registrou a maior média mensal de acidentes com animais peçonhentos no ano de 2021, com 95,75 casos. Neste ano, a média mensal de registros na Capital está em 94,11 casos por mês. De janeiro a setembro de 2022, foram registrados 847 acidentes no município.
Segundo o Sistema de Informação de Agravos e Notificações (Sinan), do Ministério da Saúde, o saldo de acidentes do ano passado ultrapassa 3,1 mil em MS. Vale ressaltar que Mato Grosso do Sul é o terceiro estado com maior número de incidências na região Centro-Oeste, atrás de Goiás e Mato Grosso.
Para o biólogo do Civitox, Isaias Pinheiro, a incidência de animais peçonhentos é comum nesta época do ano. “Os animais que são considerados como praga urbana tendem a aparecer com mais força nesta época do ano por conta do período chuvoso e do clima quente, que ocorre entre setembro e março no hemisfério sul.
As baratas, cigarras, insetos em geral e os escorpiões são sazonalizados em nosso bioma desde a década de 1990, e sua reprodução aumenta o aparecimento em locais considerados como ambiente humano, pois eles estão buscando novas formas de se alimentar, seja com piolhos-de-cobra, seja com grilos”, salientou o especialista.
O escorpião mais comum no Estado foi trazido de Minas Gerais, conforme explica o biólogo. “O Tityus confluens, aquele amarelinho e serrilhado, é considerado o segundo com maior concentração de veneno de toda a espécie, sendo letal para crianças e idosos.
É necessário cuidado redobrado em regiões de incidência do animal, que é considerado exótico por não pertencer originalmente ao nosso clima, mas que se reproduz em alta escala nas épocas de altas temperaturas”, destacou Isaias.
Ao Correio do Estado, a estudante Mônica Borges, moradora do Bairro Vila Nasser, relatou dificuldades diante do aparecimento de baratas, escorpiões e grilos em sua residência.
“Há dias em que eu não posso dormir de medo, pelo barulho, outros dias pelas baratas, que aparecem voando. Torna-se um teste de paciência diário, principalmente à noite. Agora, que estamos nesse tempo chuvoso, parece que os animais invadiram o terreno baldio que fica ao lado da minha casa. Se houvesse manutenção da área, como é recomendado, não estaria com este problema”, afirmou a estudante.
A partir do momento em que o vetor é identificado, é importante que a região de incidência receba visitas da equipe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) ou da Civitox para acompanhar o comportamento dos animais.
Em caso de picadas de animais peçonhentos, Isaias afirma que é necessário correr contra o tempo. “Não coloque nada no local da picada, apenas lave com água em abundância. Tire uma foto do animal e dirija-se diretamente para a unidade básica de saúde mais próxima, para que seja administrado o antídoto correto”, explicou o biólogo.
É indicado ainda que a vítima da picada acione o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pelo telefone 192 ou Corpo de Bombeiros pelo número 193.
No Estado, quatro pessoas perderam a vida após contato com animais peçonhentos desde 2015, sendo ambas crianças com menos de 10 anos na região do Bolsão, em Cassilândia e Paranaíba.
Questionado sobre o estoque e a distribuição de antídotos, o Ministério da Saúde, responsável pela compra e distribuição, afirmou ao Correio do Estado que a Secretaria de Estado de Saúde (SES) fica a cargo da regionalização do material, conforme a necessidade dos municípios. Não houve posicionamento da pasta até o fechamento desta matéria.
Para os casos de picada de animais peçonhentos, é indicado que a pessoa lave imediatamente o local da picada com água e sabão. É importante que ninguém tente espremer ou aplicar produtos na região do ferimento.
Em seguida, é indispensável que a vítima entre em contato com o serviço de emergência e se desloque o quanto antes para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para receber atendimento médico e, caso necessário, que o soro contra o veneno do animal peçonhento seja aplicado.
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